há um outro texto de kant, que é a celebérrima beantwortung der frage: was ist aufklärung? [resposta à pergunta: que é "esclarecimento"?], de 1783. não tenho palavras para descrever a importância desse pequeno artigo de kant na história do pensamento ocidental moderno. se a martin claret o apresenta em sua edição como um opúsculo pouco conhecido (p. 97), só posso incluir essa afirmação em seu vasto rol de desserviços prestados ao leitor.

1. floriano de souza fernandes
esclarecimento ["aufklärung"] é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. a menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. o homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. sapere aude! tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento ["aufklärung"]. (p. 100)
2. leopoldo holzbach
"esclarecimento" [aufklärung] significa a saída do homem de sua menoridade, da qual o culpado é ele próprio. a menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. o homem é o próprio culpado dessa menoridade se a sua causa não estiver na ausência de entendimento, mas na ausência de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. sapere aude! tem a ousadia de fazer uso de teu próprio entendimento - tal é o lema do esclarecimento [aufklärung]. (p. 115)
1. floriano de souza fernandes
a preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma direção estranha (naturaliter maiorennes), continuem no entanto de bom grado menores durante toda a vida. são também as causas que explicam por que é tão fácil que os outros se constituam em mentores deles. é tão cômodo ser menor. se tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que por mim decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso de esforçar-me eu mesmo. (pp. 100-2)
2. leopoldo holzbach
a preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma direção estranha (naturaliter maiorennes), continuem, não obstante, de bom grado menores durante toda a vida. são também as causas que explicam porque é tão fácil que os outros se constituam seus tutores. é tão cômodo ser menor! se tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que decide por mim a respeito de minha dieta, etc., então não preciso esforçar-me eu mesmo. (p. 115)
1. floriano de souza fernandes
para este esclarecimento ["aufklärung"] porém nada mais se exige senão LIBERDADE. e a mais inofensiva entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todas as questões. ouço, agora, porém, exclamar de todos os lados: não raciocineis! o oficial diz: não raciocineis, mas exercitai-vos! o financista exclama: não raciocineis, mas pagai! o sacerdote proclama: não raciocineis, mas crede! (um único senhor no mundo diz: raciocinai, tanto quanto quiserdes, e sobre o que quiserdes, mas obedecei!). eis aqui por toda a parte a limitação da liberdade. que limitação, porém, impede o esclarecimento ["aufklärung"]? qual não o impede, e até mesmo o favorece? respondo: o uso público de sua razão deve ser sempre livre e só ele pode realizar o esclarecimento ["aufklärung"] entre os homens. (p. 104)
2. leopoldo holzbach
para este esclarecimento [aufklärung], porém, nada mais se exige senão liberdade. e a mais inofensiva dentre tudo o que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todos os assuntos. ouço agora, porém, exclamações de todos os lados: "não raciocineis!" o oficial diz: não raciocineis, mas exercitai-vos. o financista exclama: "não raciocineis, mas pagai!" o sacerdote proclama: "não raciocineis, mas acredita!" (um único senhor no mundo diz: "raciocinai, tanto quanto quiserdes, e sobre o que quiserdes, mas obedecei!"). eis aqui por toda a parte a limitação da liberdade. mas que limitação impede o esclarecimento [aufklärung]? qual não o impede, e mesmo o favorece? respondo: o uso público de sua razão deve ser sempre livre e só ele pode realizar o esclarecimento [aufklärung] entre os homens. (p. 117)
atualização em 16/2/12 - obs.: estes são apenas alguns exemplos a título ilustrativo, extraídos de um extenso cotejo feito entre as traduções, com outras traduções e com o original. veja aqui.
imagem: www.improbabilidade.com.br
Bem, alguém conhece o tradutor mais moderno? Já o viu?
ResponderExcluirih, prezado rc, de minha parte fico lhe devendo...
ResponderExcluirleopoldo holzbach até consta na fbn/isbn como tradutor da crítica da razão prática de kant, também pela martin claret - mas no livro impresso consta o nome "rodolfo schaefer".
afora esses textos da fundamentação da metafísica dos costumes e outros escritos, não sei de nenhuma outra referência.